“CHARRETE QUE PERDEU O CONDUTOR”
Jeremias Macário - Jornalista
Dias desses estava repassando e ouvindo meus vinis de há mais de 30 anos dos grandes poetas-letristas, cantores e compositores imortais do tipo Chico Buarque, Gil (Domingo no Parque), Edu Lobo (Ponteio), Caetano (Alegria, Alegria), Vandré (Disparada),Tom Zé, Raul Seixas, Zé Ramalho e outros do mesmo estilo, e aí bateu aquela real de como praticamente nada mudou no Brasil em termos de evolução ética, moral, social e política. Além da constatação de que, infelizmente, há anos não se faz mais músicas tão talentosas - sinal da decadência cultural que emperrou a imaginação e a criação - as canções continuam atuais.Colei o ouvido no meu predileto fã roqueiro Raul Seixas e dele extrai pérolas como se ele estivesse cantando hoje para o nosso Brasil. Muita coisa só fez piorar. Sem outros comentários e interpretações, vou apenas me reportar a alguns textos das suas letras musicais que ecoaram e ainda ecoam para quem tem por ele admiração. A realidade da crise está aí escancarada. Portanto, cabe a cada um fazer a sua reflexão sobre o “maluco beleza”. Para começar, parafraseando anos 80, diria hoje anos 15 e 16,“charrete que perdeu o condutor, melancolia e promessas de amor.Varrendo lixo pra debaixo do tapete que supostamente é festa pra alegria do ladrão.” Como tudo ainda se encaixa à atualidade! Vamos mais adiante com “há quanto tempo que o Brasil não ganha. Deus é brasileiro pra trazer progresso que não vejo aqui.Não tenho saco pra ouvir artista, comendo alpiste na mesma estação, cantando regra com o rei na barriga. Chicotinho queimado está ficando quente, e disse que Deus não deu asa a cobra”. Das suas canções, outras frases que falam do nosso cotidiano político e comportamental, como, “o ponto de vista é o ponto da questão. Você já foi ao espelho, não, então vá. A barca de Noé já vai partir. Assim como os poetas, todos nós temos de sonhar. Agente
